Pensando, com um toque de bom humor, desenvolvimento, mobilidade e sustentabilidade do DF/Entorno.
Nossa página principal: facebook.com/andabrasilia
Receba atualizações pelo twitter também: twitter.com/andabrasilia

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Faixa exclusiva, jeitinho brasileiro e gambiarra

O brasileiro costuma se auto-declarar justo. Mas, ao ver uma faixa exclusiva de ônibus vazia, costuma pedir para liberá-la para os carros. O correto não seria pedir mais ônibus?

EPTG engarrafada e faixas exclusivas. Foto: Auditoria TCDF.
EPTG engarrafada e faixas exclusivas. Foto: Auditoria TCDF.

Nas frequentes greves de ônibus, e nas menos frequentes greves de metrô, volta à tona a polêmica: as faixas exclusivas de ônibus devem ser liberadas para os carros de passeio? Uma discussão geralmente egoísta, que se esquece dos espremidos usuários do transporte coletivo que pelo menos pela faixa exclusiva podem fazer uma viagem pegando menos congestionamentos.

Não seria o caso de os motoristas pedirem mais ônibus e melhor transporte coletivo, em vez de simplesmente pressionar por mais uma faixa para os carros? Mesmo em vias que chegam a ter sete (7) faixas de tráfego misto em alguns pontos (como a EPTG, estrada que liga Taguatinga e Guará a Brasília), apenas uma delas exclusiva (meros 14% da largura da via), a súplica dos motoristas persiste. E cabe lembrar que as faixas exclusivas quase nunca são exclusivas de ônibus: elas são compartilhadas por ônibus, táxis com passageiro, ônibus fretados, ônibus escolares e veículos de emergência como polícia, bombeiros e ambulâncias.

Jeitinho brasileiro e gambiarra

Resumindo, o jeitinho brasileiro para "acabar" com os congestionamentos aparentemente é a gambiarra: transformar a faixa exclusiva em faixa infestada de carros, sem levar em consideração a quantidade de passageiros transportados ou um uso mais igualitário do espaço público. Os motoristas aparentemente esquecem (ou "preferem ignorar") que, na mobilidade urbana, são minoria.

Mobilidade eficiente

Há um outro problema que é geralmente ignorado nas discussões de mobilidade: os grandes motores a diesel usados pelos ônibus são extremamente ineficientes em congestionamento. Ou seja, devem estar em movimento, pegando pouco congestionamento. Levando em consideração isso, o fato de estar levando mais pessoas e que se deve dar a maior eficiência possível ao salário pago ao cobrador e ao motorista, o ônibus preso em engarrafamento é extremamente ineficiente. E isso é custo para toda a sociedade na forma de uma pior mobilidade para todos. Muitos dos insatisfeitos com o transporte público acabam migrando para o uso diário do carro de passeio.

Enfim, se o brasileiro comum pressionasse por mais igualdade, melhores condições para todos e mais eficiência em todos os setores em vez de sempre exigir privilégios para poucos, talvez tivéssemos hoje um Brasil melhor, e não um país com tantos privilégios (e poucos privilegiados) no uso de recursos públicos.