Enquanto o compromisso dos políticos e gestores em geral for com o lucro dos empresários de ônibus não teremos transporte público com eficiência e qualidade.
A onda de protestos que correu o Brasil em junho começou porque a população, com razão, achava absurdo pagar ainda mais caro por um transporte que não tinha nem eficiência nem qualidade. Os políticos se apressaram em dizer que as passagem não poderiam diminuir porque o custo de não aumentar a passagem não poderia ser suportado pelas empresas nem pago pelo estado.
A raiz do problema, no entanto, é o modelo vigente atualmente no Brasil: ele garante o lucro do empresário mas não a qualidade do serviço. E pior: quanto mais barato for o veículo e quanto mais lotado estiver o ônibus, mais o empresário lucra, levando o capitalismo à sua pior forma: o monopólio.
Países desenvolvidos tratam o transporte com a devida importância porque sabem que é proporcionando qualidade de vida às pessoas que se tem uma cidade próspera. Nesses países, a gestão do transporte muitas as vezes é estatal, deixando para as empresas privadas a parte onde elas podem ser úteis: na competição para vender os melhores veículos, sejam ônibus, bondes (ou como os estão chamando agora: Veículos Leves sobre Trilhos – VLT's), trens etc.
Os protestos de junho fomentaram discussão do descaso dado ao transporte público no Brasil. As mídias tradicionais trataram de diminuir a questão: para eles, aumentar a passagem em R$ 0,20 não justificaria nada. Segundo Arnaldo Jabor, da Rede Globo, os manifestantes não valeriam nem 20 centavos. O que só deixa claro que a situação de imobilidade das cidades brasileiras, seja por carro ou por transporte público, é culpa do nariz empinado e da arrogância da própria sociedade. Todo tipo de mobilidade que não envolva o automóvel particular é considerada de 2ª classe.